sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O Silêncio

O Silêncio

Eu quero paz para os meus ouvidos
Eu quero esvaziar minha mente por alguns minutos
Eu quero um pouco de descanso para os meus olhos
Eu quero manter minha boca fechada por alguns minutos

Quero poder cruzar meus braços uma única vez
Quero que meus dedos deixem, por um momento, de apontar
Quero sentar e ver minhas pernas e pés na inércia

Meus ouvidos estão cansados do que ouvem
Minha mente já apresenta confusões
Meus olhos se irritam com o que vêem
Minha boca não sabe mais o que diz

Meus braços gesticulam por nada
Meus dedos apontam para o infinito
Minhas pernas me levam pra lá e pra cá...

Eu quero penas paz para os meus ouvidos
Apenas PAZ...

segunda-feira, 24 de março de 2008

Quando você descobre que um pai é importante?

Quando você descobre que um pai é importante?

Quando você é bebê,
e ele te estende a mão para você dar os primeiros passos?
Quando você é criança,
e ele te leva ao futebol ou permite que você o pinte e o penteie?
Quando você é adolescente,
e ele o leva e o busca em festinhas sábado de madrugada?
Quando você é jovem,
e ele banca seus regalos de roupas, coisas e viagens?
Quando você sonha em ser alguém,
e ele paga a conta dos seus sonhos?
Quando você está perdido,
e ele suporta seus insultos e rebeldia por causa alguma?
Quando você é adulto,
e ele agüenta calado ser tachado de velho e ultrapassado?

Pai é importante quando morre.
Quando as lágrimas caem.
Quando a idiotice vem à tona.
Quando não dá mais tempo para dizer:
“Pai! Você é importante sempre”.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Eclipse

Eclipse

O gato comeu a lua.
Um gato enorme, maior que a lua.
Que gato comeria a lua?
Não saberia afirmar, mas ele comeu.

O gato comeu a lua,
Tal qual come tudo que some.
Ela estava lã no céu.
Grande, redonda e branca.
De repente, não mais estava.
Onde está a lua que a pouco aqui estava?
O gato comeu.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Ilusões do amanhã

Ilusões do amanhã

Por que eu vivo procurando um motivo de viver,
Se a vida às vezes parece de mim esquecer?
Procuro em todas, mas todas não são você.
Eu quero apenas viver, se não for para mim, que seja pra você.

Mas às vezes você parece me ignorar,
Sem nem ao menos me olhar,
Me machucando pra valer.

Atrás dos meus sonhos eu vou correr.
Eu vou me achar, pra mais tarde em você me perder.
Se a vida dá presente pra cada um, o meu, cadê?

Será que esse mundo tem jeito?
Esse mundo cheio de preconceito.

Quando estou só, preso na minha solidão,
Juntando pedaços de mim que caíam ao chão,
Juro que às vezes nem ao menos sei quem sou.

Talvez eu seja um tolo, que acredita num sonho.
Na procura de te esquecer, eu fiz brotar a flor.
Para carregar junto ao peito,
E crer que esse mundo ainda tem jeito.

E como príncipe sonhador...
Sou um tolo que acredita, ainda, no amor.


PRÍNCIPE POETA (Alexandre Lemos - APAE)Este poema foi escrito por um aluno “excepcional” da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Ele tem 28 anos e idade mental de um adolescente de 15 anos. Como ando pouco criativo ultimamente, resolvi abrir espaço para alguém mais inspirado. Eu não o conheço pessoalmente, mas lhe desejo sorte e sucesso.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Eu encontrei

Eu encontrei

A pessoa certa...
Para rir de coisas bobas.
Para falar de coisas sérias.
Para me ouvir falar de qualquer coisa
Mesmo que, às vezes, nem me entenda.

Eu encontrei a pessoa certa pra mim.

Para rir no metrô.
Para ficar de mãos dadas olhando um quadro abstrato.
Para adorar os quadros do Pedro Alexandrino.
Para pensar sobre a existência de tantos quadros com título “Natureza Morta”.

Eu encontrei a pessoa certa pra mim.

Para dividir um sanduíche de mortadela no mercado público.
Para dançar no meio dos carros e pessoas da Rua 25 de março.
Para rir meio constrangida do gringo de cueca cinza dormindo na sala.
Para rir e adorar uma peça de teatro, mesmo sem entender direito.
Para achar um lugar bom e barato para comer em pleno bairro jardins.

Quem mais chegaria ao fim de um dia desses
Rindo, cansada e dizendo:
_ Que dia ótimo passamos!
Ninguém além da pessoa certa pra mim.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Febre de egoísmo

Febre de egoísmo

Que bela cor para uma febre.
Amarela é cor da esperança.
É a cor do sol, do verão.
Talvez seja por isso que tanta gente vai se vacinar.
Alguns, tão esperançosos, vão mais de uma vez.
A maioria, nem carece estar ali.

Falta aqui.
Falta acolá.
Mas e daí?
A culpa é do governo que alerta, mas num dá.
É mais fácil culpar quem já está doente.
Difícil é colaborar com quem precisa tomar.
A febre é minha e ninguém tasca.

Promessas

Promessas

Sala cheia.
Saco cheio.
Horas e horas de espera.
Horas e horas desperdiçadas.

O que poderia causar tamanho desconforto?
Ganância?
Desorganização?
Descaso?

Não há respostas para tanto sofrimento.
Não há respostas para tantos problemas.
Esse é o caos aéreo.
Não é filho único desse país.
Aqui, o caos é geral.
Sem respostas ou propostas.
Apenas promessas.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Loucura

A Loucura

“Apenas a loucura possui a virtude de prolongar a juventude, ainda que muito fugaz, e de retardar a malfadada velhice”

Cem anos antes, a loucura era facilmente percebida.
Hoje, a loucura é quase um predicado humano.
Ela está em tudo e, talvez, em todos.
Mulheres loucas, crianças, velhos, adolescentes e padres.

Os loucos temem forte concorrência.
A loucura, por sua vez, tem apenas dois obstáculos: o medo e a vergonha.
A loucura justifica os bêbados, as prostitutas e os adúlteros.
Aprova os políticos corruptos, os perversos, os profanos,
E tudo mais que a sociedade hipócrita condena.

A loucura está nas casas de família,
Nas famílias que não têm casa.
A loucura é normal se vista de dentro.
Ser louco é uma fuga diária da loucura quotidiana.

A gosto

A gosto

Tem muita coisa que acho um saco.
Acho um saco fila de banco.
Acho um saco qualquer tipo de fila.
Acho um saco acordar cedo.
Acho um saco ter que dormir cedo.
Acho um saco ter que fazer silêncio por causa dos vizinhos.
Também acho um saco quando os vizinhos fazem barulho de manhã.

Minha lista de coisas que acho um saco é interminável.
Falso moralismo.
Qualquer tipo de falsidade, e de moralismo também.
Discursos socialmente corretos.
Aliás, discursos geralmente são mesmo um saco.

Não pense que eu sou um niilista que acha tudo um saco.

Gosto de cheiro de chuva.
Gosto de ver crianças brincando.
Gosto de palhaços fazendo piadas bobas.
Gosto de ver a minha avó, velhinha e cheia de rugas.
Gosto de entrelaçar os dedos nas mãos de alguém que gosto.

Gostar tem gosto de comida de mãe.
De bife suculento com arroz e feijão feito na hora.
Gostar... gostar tem gosto de coisa boa.

Voar

Voar

Que criança nunca sonhou em voar?
Aí elas crescem e ficam com medo de sonhar.
Eu cresci e continuei sonhando.
Os pássaros sempre me encantaram.

Hoje eu vôo.
Sim, hoje eu posso voar.
Quando saio de um avião preso a um pára-quedas.
Ainda melhor, posso voar de muitas outras formas.

Hoje eu vôo através do conhecimento.
Vôo através da literatura,
Vôo andando pelas ruas,
Entrando na vida das pessoas pela imaginação.

Voar... como uma criança quando sonha.
Como um adulto sonhando em voltar a ser criança
Voar acima de todos os problemas do mundo.
Voar acima das guerras e conflitos,
Voar como os pássaros após um dia de chuva de verão.
Voar, apenas voar e ver tudo de cima.

Limpeza da alma

Limpeza da alma

Como você lida com o perdão?
Qual foi a última vez que você baniu do pensamento,
Um desaforo ou um erro alheio?

De tanto tentar perdoar,
Por vezes me pego a pensar o que teria mesmo me feito o malfeitor.
Jorge Amado me ensinou uma forma diferente de lidar com o perdão.

“Tenho horror a hospitais, os frios corredores, as salas de espera, ante-salas da morte, mais ainda a cemitérios onde as flores perdem o viço, não há flor bonita em campo santo. Possuo, no entanto, um cemitério meu, pessoal, eu o construí e inaugurei há alguns anos quando a vida me amadureceu o sentimento. Nele enterro aqueles que matei, ou seja, aqueles que para mim deixaram de existir, morreram: os que um dia tiveram minha estima e a perderam. [...]

[...]
Encontro na rua um desses fantasmas, paro a conversar, escuto, correspondo às frases, às saudações, aos elogios, aceito o abraço, o beijo fraterno de Judas. Sigo adiante, o tipo pensa que mais uma vez me enganou, mal sabe ele que está morto e enterrado” (AMADO, Jorge. p3, 1992).

Ano novo?

Ano novo?

O mesmo ritual.
O mesmo branco.
O mesmo discurso.
As mesmas promessas (que nunca se cumprem).
As mesmas pessoas.
Você mesmo.
Sete ondas, uvas e lentilhas...

Os mesmos problemas.
O mesmo trabalho.
Coisas que se repetem.
Anos que se repetem
O que há de novo este ano?

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Volver

Volver

Há tempos queria estar de volta.
Há tempos estou tão próximo, mas não podia alcançar.
Há tempos eu queria estar de volta.
Os dias foram passando e as palavras vagando.
Enquanto os dias passavam, muitos lugares ficaram para trás.
Lugares que inspiram, e outros que expiram.
Perto ou longe, sempre ao alcance dos olhos.
Eu sempre quis estar de volta.
Eu estou de volta!
De volta ao lar doce lar das palavras.