terça-feira, 26 de junho de 2007

Escolhas (Parte I)

Escolhas (Parte I)

O que leva um bando de garotos ricos,
Universitários, que falam inglês, mesmo sendo brasileiros,
E no seus idiomas nativos, conhecem apenas o adjetivo “estúpido”,
A agredirem violentamente, e de graça, uma mulher num ponto de ônibus?

_Ah! Estamos arrependidos. Pensamos que era uma prostituta.
Ora! Se fosse puta podia, enquanto que empregada doméstica, não?
Porquê? Se ambas prestam serviços para os pais destes delinqüentes.
Uma lava as cuecas e esfrega o chão aos gritos das vossas mães.
Outra satisfaz a promiscuidade do velho bêbado e babão dos seus pais.

Este filme de horror não é um lançamento.
Já vimos a Parte I, quando outros garotos idiotas,
Filhos de figurões, escolheram atear fogo num índio, em Brasília,
Pensando que era um mendigo.

E os filhos deste solo és, mãe, gentil?

Escolhas (Parte II)

Escolhas (Parte II)

Noves meses antes do primeiro choro,
Um homem e uma mulher que nunca vimos antes,
Fazem a nossa primeira escolha.
A partir do primeiro choro,
O mesmo casal, ainda crentes de serem os donos destes já grandes espermatozóides,
Continuam fazendo nossas escolhas.

Às vezes eu penso: que bom seria se assim fosse.
As escolhas seriam feitas por nossos pais,
Até que nos tornássemos... pais também.

Mas não! Lutamos pelo livre arbítrio.
E a cada dia o conseguimos mais cedo.
Hoje, nossos filhos, mesmo antes de falar,
Já escolhem o tipo de leite que querem mamar.

As opções são tantas que nos tornamos uns insatisfeitos completos.
Um dia queremos o progresso.
Outro, a preservação.
Hoje queremos um apartamento com sacada.
Amanhã, uma bela casa no campo.
Morar na capital? Ótimo!
Mas não a do seu estado. A do mundo!
Paris, Nova Iorque, Milão, Londres...

Estamos contratando jovens executivos.
Desejável inglês e espanhol.
Português fluente? Tanto faz.
Nunca aprendemos esse idiomazinho danado de difícil mesmo.
É importante ter experiência internacional.
Ah! Orlando e Nova Iorque aos 16 anos, num intercâmbio, na casa de uma família?
Perfeito! Melhor que um sujeito que chegou aqui dizendo que saiu de casa aos 16 anos,
Passou por vários estados brasileiros, trabalhou em muitos lugares.
Formou-se e se especializou com seus próprios recursos.
Veja só se isso lá experiência...

A vida é feita de escolhas.
Não que nós as fazemos com sabedoria.
Mas como as opções são muitas,
Tanto faz escolher o certo ou o errado,
Podemos escolher a todo instante.

O importante é ter experiência internacional e falar inglês:
I am a “paga-pau”, but, i’m happy!

E os filhos deste solo és, mãe, gentil?

Ps.: I’m sorry, Ms. Joaquim Estrada.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Inocência

Inocência

Pontinha do nariz gelado
Risos baixinhos por ter encostado e arrepiado o pescoço

Um trevo de quatro folhas arrancado
Suspiros por achar que, dele, poderá vir o príncipe encantado

Um banco na praça em pleno inverno
Mãos geladas lado a lado
Um descuido, e ele ataca
Um feroz e devastador beijo na bochecha rosada

Um sorriso encantador e satisfeito
Uma frase feita sai da boca inconsciente:
“Não faz mais isso atrevido inocente”

Louca timidez

Louca timidez

Vou torcer teu dedoo
Não vai nããoo
Vou torcer teu dedooo
Não vai nããoo
Vou torcer teu dedoo
Não vai n... aiiii.. seu estúpido

Outrora

Outrora

Porque somos tão insatisfeitos?
Se chove, eu reclamo.
Se o sol está escaldante, eu reclamo.
Se o frio é intenso, eu reclamo.
Se eu estou só, eu reclamo.
Se estou acompanhado, suplico por mais liberdade.
Aliás, essa tal liberdade me persegue há anos.
Tomei inúmeras decisões baseadas nela.
Mudei, voltei, parti, fugi....

Uma hora eu quero ser escritor.
Noutra, professor.
Hoje eu quero ser questionado.
Amanhã, talvez, amado.
Uma hora eu lamento por não ter tido tempo.
Outrora, eu lamento por outras horas que tive e não soube aproveitar.

Sem frescura

Sem frescura

Valorize-se!
Mas não deixe se achar a pessoa mais perfeita do mundo.
Sua inteligência, sua beleza, suas curvas e sua sensualidade,
São ferramentas de atração aos que a norteiam e a si mesma.

Acredite!
O fato de você ser “aparentemente” linda,
Não significa que 100% dos homens a desejam sexualmente.
Às vezes, uma dança coladinha não significa uma “casquinha”.
Uma gentileza, nem sempre está ligada a um flerte.
Um elogio, tão pouco quer dizer uma cantada.

Encontre-se!
Você pode até ser irresistível.
Mas irresistível também pode ser descartável.
Faça por merecer uma “casquinha”,
Uma cantada ou até mesmo um laço afetivo.

Reflita!
Se você não é capaz de entender suas reais virtudes e seus limites,
Não queria julgar os meus trejeitos.
Permita-me ser eu mesmo.
Ou não...tanto faz,
Desde que a sua recusa se resuma a aceitar ou não as minhas atitudes em relação a você

Acorde!
Se tu não queres ser vista apenas como um objeto de desejo e prazer,
Comporte-se como um espelho.
Agora! Se o olhar alheio tão pouco lhe importa.
Parabéns! Basta que não se importe também.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Vida sertaneja sim senhor

Vida sertaneja sim senhor

Ariano Suassuna!
Pudera, com esse nome,
Viver da poesia, do romance e da dramaturgia.

Oitenta anos nos brindando,
Com melodias textuais,
Verso, prosa, amor lúdico e poesia ingênua.

Lá do sertão, sua casa, seu país, sua terra de inspiração.
Para ele, o melhor lugar do mundo.

Viaja! Mas prefere as carroças, aos aviões.
“Qual é a graça em ver um monte de nuvenzinhas brancas passando?”

Escreve mestre.
Não deixe que o tempo nos prive do sabor das suas fábulas.
Escreve mestre. Escreve para sempre.
Pois o sempre teria menos graça sem suas palavras.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Poucas estações

Poucas estações

É mágico esse tal de tempo.
Não depende de nada e nem de ninguém.
Muda, ao menos, quatro vezes num só ano.

É louco, crucial e generoso.
Num momento vê-se a alegria das crianças brincando soltas,
No outro, casais apaixonados a procura de abrigo e calor.
De repente, casais e crianças se unem para ver as flores se abrirem.

Que espetáculo louco a natureza proporciona a esses espectadores bobos.
Que espetáculo bobo esses espectadores loucos proporcionam a natureza.

sábado, 2 de junho de 2007

Prenda a respiração

Prenda a respiração

A cada segundo que eu respiro,
Uma partícula de vida invade o meu corpo.
Vida apaixonada,
Vida despedaçada,
Vida que rasteja,
Que nem acredita mais na vida.

A cada segundo que eu respiro,
Eu absorvo amor.
Meu corpo se enche de frio e de calor,
Eu alimento a dor, a desesperança e a fome.
Quando eu respiro, me consome...
O olhar malicioso e carente de uma criança no sinal

Continuo respirando para sobreviver.
Mais e mais, e com mais vontade.
E a cada segundo que eu respiro,
Eu desejo que todos tenham o mesmo direito de respirar.
Segundos, minutos, horas, dias... vidas.